2.17.2015

NO CARNAVAL


O povo canta e dança, dança demais,
O povo brinca e sonha, sonha bastante,
O povo sorrir e chora, chora nos pedestais,
O povo pula e faz sexo, sexo sem conservante!

O povo come e bebe, bebe sem parar,
O povo sente prazer em sambar, sambar e esquecer,
O povo comete loucuras, loucuras de amar,
O povo não perde tempo, tempo pode perder!

O povo tem dor, mas mente, mente para viver,
O povo corre atrás da folia, mas a folia, no planalto,
O povo não sofre nesses dias, dias que deva temer,
O povo dança qualquer musica, mas o buraco é mais alto!

O povo é feliz, feliz por qualquer coisinha,
O povo urina em tudo, mas engolem vômitos a todo instante,
O povo assovia por nada, e nada abre o olho dessa carinha,
O povo até muito chora, acorda, oh povo inconstante!

O povo a todos beija, beija mesmo, é a tramoia da casa branca do Brasil,
O povo nada enxerga nestes dias, dias que é preciso, no cérebro, pancadas levar,
O povo até imita governantes, mas dia seguinte triste mãe gentil,
O povo brinca de tudo, mas e o povo heroico retumbante, vai se danar!

O povo parece cego, mas é carnaval, e ouviram o Ipiranga morreu,
O povo parece mudo, mas é carnaval, e o sol da Liberdade caiu,
O povo parece surdo, mas é carnaval, conquistar com braço forte esmoreceu,
O povo parece feliz e contente, é carnaval, mas e o pais, PUTA QUE PARIU!!!

O povo não está nem ai, é carnaval, Ó Pátria amada, Petrobras Idolatrada,
O povo no figurino até esnoba, mas é carnaval, Brasil, um sonho intenso, no mar,
O povo na coreografia erra, e dai, é carnaval, se em teu formoso céu, vaca atolada,
O povo de tudo se esquece, mas é carnaval, dos filhos deste solo é mãe caviar!

O povo ainda que infeliz, pula e pula, mas é carnaval, deitado eternamente, a federal,
O povo cego, surdo e mudo, e dai, é carnaval, e ao som do mar e à luz do véu profundo,
O povo mia, late e ruge, mas é carnaval, Iluminado ao sol do novo ano, é Cabral,
O povo para de produzir, mas ainda é carnaval, mas se ergues da justiça, me confundo!

O povo bebe até berrar, mas tudo é carnaval, o seu país, continua lindo dentro dos bueiros,
O povo não quer saber da politica, é carnaval, e a situação está controlada,
O povo gasta o que não tem. Seu chato! É carnaval, paz no futuro aos banqueiros,
O povo deixa de questionar, é cinza, é carnaval, e diga o verde-louro: desmiolada!

David Saulo – fevereiro de 15


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